Se é para encher chouriços, que sejam de qualidade

15-01-2021

Tudo que fazemos hoje é reflexo do que aprendemos com o passado e o orgulho que temos no conhecimento adquirido ao longo de gerações.

Boticas e o Barroso têm o melhor Fumeiro de Portugal, não acreditam? Ora então vamos por partes.

Em primeiro lugar, o saber e tradição que resulta da sobrevivência e não da parte económica.

A região de Barroso é uma região de montanha que antigamente se encontrava bastante isolada com invernos muito rigorosos onde as pessoas viviam do sustento de uma agricultura muito difícil. As famílias eram numerosas e a única forma de se sobreviver ao inverno seria a conserva de alimentos. O Fumeiro nasce da necessidade de conservar as carnes de porco para alimentação da família nos invernos em que muitas vezes eram meses inteiros de neve. Esse trabalho originário desta região tem origem ainda nos povos celtas que habitaram esta região. É nesta região que se encontram o maior número de ruinas de aldeias pré-romanas de origem celta, os castros.

Em segundo lugar, o nosso clima e sistema agrícola adaptado a uma região de montanha.

Nestas terras de frio a agricultura de sequeiro era o sustento, o cultivo do centeio era a principal cultura do nosso povo e a prova disso são as centenas de moinhos que a região possui para que se pudesse moer o grão. Esta característica que nos diferencia das restantes regiões é precisamente a alimentação do porco com base nos desperdícios da farinha, na castanha, na bolota, na botelha, muitas vezes em pasto ao ar livre e mais tarde com a introdução da batata e de outras culturas, em processos hoje classificados como biológicos que mais não eram que o simples dia-a-dia destas gentes. A prova disto é a distinção como Património Agrícola Mundial atribuído pela FAO (Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura) sendo o único território português com esta distinção. O comunitarismo que assenta em tradições, usos e costumes tais como, a vezeira, o forno do povo, o boi do povo, o reco de S. António, entre outras, são traços da cultura deste povo que nos distingue.

O respeito pela natureza e pelo ciclo natural das coisas.

Esta região tem uma organização única que nos dá uma beleza paisagística diferenciadora, os lameiros, os bosques de árvores autóctones, os soutos, os rios e ribeiros, as serras de urze e carqueja onde extraímos um dos melhores méis de Portugal, onde pastam as espécies originais, como a cabra bravia, a ovelha churra, a vaca barrosã e o cavalo garrano. As hortas e as divisões dos terrenos em muros de pedra tosca fazem desta região uma das mais bonitas e peculiares zonas do nosso território. É nas pequenas coisas que nos fazem grandes e o facto de não possuirmos grandes áreas de eucaliptais e um sistema de gestão da floresta em que o povo é soberano faz de nós um dos pouco territórios sustentáveis e amigos do ambiente que respeita a natureza na sua forma mais pura.

É tudo isto que acaba por levar à mesa de quem nos visita os melhores produtos da agricultura de sobrevivência onde predomina a qualidade e não a quantidade.

Aqui no Boticas Parque pretendemos contar-lhe a história da natureza, ser a porta de entrada para as entranhas da nossa terra, onde lhe mostrámos como somos feitos de coisas simples e lhe damos ferramentas para ver o mundo com os olhos da sabedoria popular e deixar se levar pela beleza e originalidade deste pequeno território.

Se acha que merece conhecer isto tudo, e dar valor ao sacrificio desta gente, visite o site Boticastem.pt e quando puder venha conhecer o Boticas Parque.

Ajude-nos a sobreviver e a honrar o legado do povo Barrosão.